domingo, 22 de maio de 2011

Humberto Teixeira - O Doutor do Baião

O iguatuense Humberto Teixeira está marcado na nossa História para sempre. Autor de verdadeiras obras-primas da Música Popular Brasileira, ele foi também advogado e político. Defensor da Lei dos Direitos Autorais.



Ao lado de Luiz Gonzaga, Humberto viria a criar a música "Asa Branca" que é um hino do Nordeste, música esta reproduzida desde os maiores palcos do mundo até os rincões mais distantes do Brasil. Humberto Teixeira, "o homem que engarrafava sonhos", conseguiu a proeza de transformar a simplicidade em arte. Fazer de uma árvore como o juazeiro, um símbolo de teimosia e perseverança do nordestino. Quando ainda não se falava em proteção do meio ambiente ele já defendia esse ideal em suas letras. Fez do lamento do assum preto uma linda melodia que emociona todos que escutam a letra. 


Humberto Teixeira é um orgulho para o Ceará!!!



sábado, 7 de maio de 2011

O SOL DE TAUÁ PASSARÁ A GERAR RIQUEZA ENERGÉTICA

Localizado nos Sertões dos Inhamuns, o município de Tauá dispõe de sol o ano inteiro. O sol inclemente que antigamente era associado à aridez agora passará a gerar riquezas. Estudos preliminares mostram que pode ser viável a produção de energia elétrica utilizando a luz solar. Este é o primeiro projeto de proporções comerciais no Brasil. 

Fonte: site MPX

Primeira usina de energia solar comercial do Brasil, a MPX Tauá, localizada no município de Tauá, a cerca de 350 quilômetros de Fortaleza, Ceará, terá capacidade instalada inicial de 1MW, o suficiente para abastecer, em média, 1.500 residências. O projeto da planta solar é resultado de iniciativas em pesquisa e desenvolvimento da MPX, empresa de energia do Grupo EBX.

As obras para a instalação da usina iniciaram-se no mês de setembro de 2010. A usina ocupará uma área de 12 mil metros quadrados e terá 4.680 painéis fotovoltaicos que captarão a luz do sol para a transformação em energia elétrica.

O início da operação da usina está programado para março de 2011. No total, serão investidos R$ 10 milhões neste empreendimento que atualmente emprega 60 pessoas, sendo metade destes profissionais contratada na própria cidade.

A MPX já possui autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Semace) para a ampliação da capacidade da planta para 5 MW.

Fonte:
http://mpx.irion.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=178&lng=br

Vídeo:



Bispo Cearense mostra dignidade ao recusar homenagem do Senado.

O Senado resolveu criar uma homenagem com o nome do grande cearense Dom Hélder Câmara, no final do ano passado. Um dos homenageados era o cearense Dom Manuel Edmilson, Bispo de Limoeiro do Norte. Pois vejam, Dom Manuel não só recusou a prêmio, como disse que era uma afronta à memória do cearense maior Dom Hélder, aceitar uma homenagem diante do quadro vergonhoso que ocorrerá a poucos dias, referindo-se ao aumento descabido dos salários dos Deputados e Senadores.

Palavras de Dom Manuel:

"Meus irmãos e irmãs, falo agora de coração com muita fé, sem diminuir o grande respeito que devo a todos, mas falo como irmão e irmã sobretudo, quer dizer, assumindo a alma de todas as pessoas, pois é exatamente nesse momento que o Congresso aprova o aumento de 61% dos honorários de seus parlamentares que, em poucos minutos, chegam a essa decisão e, ao efeito cascata resultante, o impõe ao povo brasileiro, o seu, o nosso povo. O povo brasileiro, hoje de concidadãos e concidadãs, ainda os considera parlamentares? Graças ao bom Deus, há exceções decerto em tudo isso"...

"A comenda hoje outorgada não representa a pessoa do cearense maior que foi dom Hélder Câmara. Desfigura-a, porém. De seguro, sem ressentimentos e agindo por amor e com respeito a todos os senhores e senhoras, pelos quais oro todos os dias, só me resta uma atitude: recusá-la."

"Quem vota em político corrupto, está votando na morte".




Eita que nessas horas dá um orgulho danado de ser cearense, da nossa forma de expôr os que pensamos, doa a quem doer.

Ceará - Primeiro a abolir a escravidão

Redenção no Ceará foi o primeiro município brasileiro a abolir a escravidão. Após Redenção, muitos outros municípios cearenses seguiram o exemplo e libertaram seus escravos. Quando foi assinada a Lei Áurea, no Ceará já não havia mais pessoas escravizadas. Por isso o Ceará é até hoje denominado Terra da Luz.


Por conta do seu pioneirismo nacional o município de Redenção é sede da Universidade Internacional da Integração da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). O primeiro vestibular desta importante Universidade já ocorreu e as aulas terão início ainda este mês de maio. A UNILAB será uma das mais importantes universidades do Brasil, pois tem a missão de unir todos os Povos de Língua Portuguesa, com pesquisa e extensão nas diversas áreas do conhecimento humano. Redenção será a Terra da Diversidade, onde povos de múltiplas Nações conviverão em harmonia, buscando soluções e o crescimento do Países de Língua Portuguesa.



Redenção é um ORGULHO para o Estado do Ceará e o Brasil. 


 



Fortaleza de Nossa Senhora da Assuncão - Pérola do Brasil - Vídeo Antigo

Delmiro Gouveia - Um dos maiores empreendedores do Brasil

O cearense Delmiro Gouveia foi um homem muito à frente do seu tempo. Com ideias revolucionárias criou a primeira hidrelétrica do País. O "Rei do Couro", um dos maiores empreendedores do Brasil é um grande cearense de Ipú.



"Foi o grande Delmiro Gouveia/ que evangelizou o sertão/ que matava a fome alheia/ abrindo as portas à redenção". (Virgílio Gonçalves de Freitas)

Delmiro nasceu no município de Ipu, em 1863. Partiu para Pernambuco por volta de 1872 com a mãe, órfão de pai. Passou de mascate no ramo de peles para "Rei do Couro", exportando peles de bode para a moda de Nova Iorque um século antes de se ouvir falar por aqui no tal do mundo "fashion". Estabeleceu-se como comerciante em Recife e abriu Casa Delmiro Gouveia & Cia.   Em Recife, criou o primeiro Shopping Center do Brasil, o Derby. Fugiu com a filha do Governador de Pernambuco e ganhou neste um inimigo. Perseguido em Pernambuco partiu para as Alagoas, neste Estado se estabeleceu, adquiriu ainda mais prestígio e prosperidade.  

Em viagem para a Europa conheceu a Revolução Industrial. A experiência o fez voltar ao Brasil, em 1910, com a idéia de uma hidrelétrica. A idéia transformou-se na hidrelétrica de Paulo Afonso.  Seu espírito empreendedorista foi além e trouxe ao nordeste brasileiro, cinema, estradas, escolas e toda uma cidade (Delmiro Gouveia - AL). Entre seus negócios, Delmiro Gouveia contabiliza a abertura das linhas Estrela, chegando a produzir 20 mil carretéis por dia e exportando para países como Chile, Argentina e Peru. Delmiro Gouveia foi assassinado em 1917 e até hoje não se conhecem os detalhes desse fato.

Ponte sobre o Rio São Francisco em Delmiro Gouveia - AL
Fonte: http://www.overmundo.com.br/guia/esportes-de-aventura-e-ecoturismo-em-alagoas


Prêmio Delmiro Gouveia

O Prêmio Delmiro Gouveia tem o objetivo de reconhecer as Maiores e Melhores Empresas do Ceará, tanto no desempenho econômico-financeiro quanto no desempenho social, atribuindo assim o destaque necessário para as empresas do estado do Ceará.

EM BREVE O CEARÁ SERÁ UM EXPORTADOR DE ENERGIA ELÉTRICA

São milhares de empregos gerados:


quinta-feira, 5 de maio de 2011

Avanço da Educação no Ceará

O Ceará, em 2010, apresentou uma taxa de alfabetização de 82,81% em relação ao ano 2000, representando crescimento de 9,97%, superando a média verificada na região Nordeste, que foi de 82,35% e aproximando-se ainda mais da média nacional, de 90,98%. Este é apenas um dos resultados que revela o trabalho Informe/Ipece (nº 06), que  foi divulgado na tarde desta quarta-feira (4) pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), órgão vinculado à Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) do Governo do Estado do Ceará.

O desempenho do Ceara é ainda mais importante quando o resultado na área da educação obtido em 2010 é comparado ao índice que o Estado apresentava no ano de 2000, onde a taxa de alfabetização era de 75,3%, valor abaixo da taxa da região Nordeste, de 75,4%, e a do Brasil, de 87,2%. Os resultados, de acordo com o professor Flávio Ataliba, diretor Geral do Ipece, mostram a proporção de pessoas alfabetizadas acima de 10 anos para o Ceara, o Nordeste e Brasil.

O trabalho do Ipece, que é uma análise profunda dos primeiros dados da Sinopse do Censo Demográfico de 2010, disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), destaca, segundo Flávio Ataliba, os principais resultados sobre a evolução de indicadores econômicos na última década para o Ceará, o Nordeste e o Brasil. O estudo do Instituto, no Informe/Ipece, abrange as áreas População, educação, renda e condições dos domicílios.


Ainda analisando a taxa de alfabetização, Flávio Ataliba afirma que nas áreas urbanas e rurais verifica-se que o Ceará aumentou a taxa de alfabetização acima do Nordeste e do Brasil para estas duas áreas geográficas, em termos relativos. Destaca-se a elevação da taxa de na área alfabetização da população rural no estado do Ceará, que registrou um crescimento relativo de 17,46%, saindo de 59,9% em 2000 para 70,4% em 2010.

A melhora no índice de alfabetização da população cearense, nos últimos dez anos, foi decorrência do aumento na taxa de alfabetização percebido em todas as faixas etárias estudadas, das pessoas a partir de cinco anos de idade. No entanto, a maior variação (71,4%) da taxa de alfabetização da década coube às pessoas da faixa etária de cinco a nove anos de idades e a menor variação ficou com a faixa etária de 15 a 19 anos, com 6,52%. Mesmo apresentando a menor variação no período, deve-se destacar que essa faixa etária é a que apresenta maior taxa de alfabetização, com 96,37% em 2010.

Fonte:
Governo do Estado

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Anjos da Enfermagem - DO CRATO PARA O BRASIL

Foto: site Anjos da Enfermagem


O projeto "Anjos da Enfermagem" é o maior projeto de responsabilidade social da enfermagem brasileira. Foi idealizado no Crato -Ceará por uma estudante de enfermagem da Universidade Regional do Cariri - URCA. Hoje o projeto está se espalhando para todo o Brasil. Fatos como esse mostram a criatividade e o jeito cearense de ser.
Parabéns à URCA que vem formando ao longo da sua história profissionais de alto gabarito. Lembrando que o Curso de Enfermagem da URCA tem o melhor conceito entre todos os Cursos de Enfermagem do Ceará avaliados pelo Ministério da Educação através do ENADE.
Foto: site Anjos da Enfermagem

No ano de 2003, após ler o livro “Terapia do Amor”, que retrata a vida do médico norte-americano Dr. Hunter Adams, mais conhecido como Patch Adams, uma estudante de enfermagem, juntamente com um grupo de voluntários sentiram-se motivados a desenvolver um trabalho que levasse a humanização da assistência a saúde na região do Cariri, Sul do Ceará.
Após 01 ano como projeto os Anjos da Enfermagem fundaram em 2004 o Instituto Anjos da Enfermagem. Após 03 anos de existência e desenvolvimento de trabalhos sociais de grande relevância na sociedade no ano de 2007 o Instituto desenvolveu em parceria com o Hospital Maternidade São Vicente de Paula – Centro de Oncologia do Cariri, um estudo que identificou as necessidades das crianças com câncer do Cariri. A partir desse estudo os Anjos da Enfermagem redefiniram como sua principal missão, apoio a crianças com câncer e humanização da saúde.

Foto: site Anjos da Enfermagem


Fonte:

http://www.anjosdaenfermagem.org.br/

INICIATIVA CEARENSE



A ideia de um programa de erradicação da pobreza extrema nos moldes do PAC partiu de uma pesquisa do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP), da Universidade Federal do Ceará (UFC), que foi apresentada ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pelo governador do Estado Cid Gomes.

Segundo o economista Flávio Ataliba, coordenador do LEP, o governador confidenciou que levou a ideia a Lula e que o presidente, na época, teria pedido para Dilma incluí-la em seu programa de governo.

"A execução desse programa é um reconhecimento do esforço que a gente vem desenvolvendo para contribuir com ideias que busquem solucionar a questão da pobreza. É gratificante ver que uma ideia que surgiu na academia pode ter um resultado concreto na vida das pessoas", disse o economista.

Para Ataliba, o novo PAC se configura como um pontapé inicial para erradicar a pobreza no País. Segundo ele, primeiramente, o governo deve quantificar pessoas, estabelecendo uma linha de pobreza, para, em seguida, combinar ações assistencialistas com projetos mais estruturantes. "O programa vai se aperfeiçoar ao longo do processo. No entanto, a iniciativa já mostra que o desafio de extinguir a pobreza é possível desde que se tenha vontade política e espaço no orçamento para os investimentos necessários", disse.

Para o economista Carlos Manso, também do LEP, a programa deve resolver uma lacuna que havia no PAC, que é a questão da infraestutura social. "A miséria não é apenas um aspecto monetário. Ela envolve escassez de saúde, moradia, crédito, educação. O PAC deve fortalecer além da educação outros serviços que vão garantir a inserção dos jovens no mercado de trabalho", avaliou.

Atitude
"O desafio de extinguir a pobreza é possível desde que tenha vontade política" . 
Flávio Ataliba (Economista, coordenador do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP) da UFC)










Fonte:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=914281

terça-feira, 3 de maio de 2011

CEARÁ PIONEIRO - IDEIAS CEARENSES NA ÁREA DA SAÚDE SE ESTENDERAM PARA TODO O BRASIL

O CEARÁ É O PAI DO "PROGRAMA AGENTE DE SAÚDE" E DO "PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF)". PODEM COPIAR, AGENTE DEIXA!!!

Crédito da foto: Blog da Deputada Patrícia Saboya

A primeira experiência de agentes comunitários de saúde, ACS, como uma estratégia abrangente de saúde pública estruturada, ocorreu no Ceará em 1987, com o objetivo duplo de criar oportunidade de emprego para as mulheres na área da seca e, ao mesmo tempo, contribuir para a queda da mortalidade infantil, priorizando a realização de ações de saúde da mulher e da criança. Esta estratégia expandiu-se rapidamente no Estado, atingindo praticamente todos os municípios em três anos, sendo encampada pelo Ministério da Saúde (MS) mais ou menos nos mesmos moldes, em 1991. As primeiras experiências do Programa de Saúde da Família, PSF, nos moldes atuais, também surgiram no Ceará em janeiro de 1994, sendo encampadas pelo MS em março do mesmo ano, como estratégia de reorganização da atenção básica no país. A partir daí o Programa de Agentes Comunitários de Saúde, PACS, passou a ser incorporado pelo PSF.

Fonte:
Periódico científico - 

Interface - Comunic, Saúde, Educ, v6, n10, p.75-94, fev 2000

Uma ideia genial

Surgiu no Ceará, O Ministério de Ciência e Tecnologia quer levar para todo o Brasil!


Quando o então deputado estreante Ariosto Holanda, ex-secretário de Ciências e Tecnologia do Ceará, desdobrava-se para “vender” a implantação dos Centros Vocacionais Tecnológicos - CVTs no nosso estado, houve quem considerasse aquela ideia apenas mais uma entre outras similares já tentadas, mas sem êxito, talvez à falta de dois detalhes: praticidade e objetividade e, principalmente, persistência, a marca registrada do idealizador. Ariosto, com alguns apoios como do governador Tasso, e algumas resistências, dos defensores da formação tecnológica universitária, foi em frente. Depois da implantação vitoriosa dos CVTs do Ceará, sua criação chega, agora, com força total, aos que formam à frente do setor tecnológico do governo de Dilma Rousseff, com força total. Primeiro, foi o governador Aécio-MG, que adotou o sistema para o seu estado. Na cúpula do novo governo, o primeiro a cair de amores pelo “estalo” de Ariosto Holanda, foi o novo ministro de Ciências e Tecnologia, Aloízio Mercadante, que tem em mãos a árdua tarefa de produzir centenas de milhares de funcionários capacitados para os grandes projetos carentes de especialistas. Mal assumiu o Ministério, Mercadante conferiu, “in loco”, no Ceará, os CVTs em atividade. Não deu outra. Agora, Mercadante negocia recursos do Programa Nacional de Tecnologia – Pronatec, para fortalecer os CVTs existentes e para a implantação de muitos outros. Para dar contornos definitivos à universalização dos Centros no país, ele negocia com o ministro Fernando Haddad, a participação total do Ministério da Educação nesse projeto. A saída para a preocupante falta de especialistas, foi “descoberta” por um cearense que nos enche de orgulho. Recursos, agora é problema deles.
Fonte:
Fernando Maia

Colonização do Ceará - A civilização do couro

Os Sertões do Ceará foram colonizados através da criação do gado e das charqueadas. Capistrano de Abreu definiu perfeitamente esse ciclo:


"De couro era a porta das cabanas, o rude leito aplicado ao chão duro, e mais tarde a cama para os partos; de couro todas as cordas, a borracha para carregar água; o mocó ou alforge para levar comida, a mala para guardar roupa, mochila para milhar cavalo, a peia para prendê-lo em viagem, as bainhas de faca, as bruacas e surrões, a roupa de entrar no mato, os bangüês para curtume ou para apurar sal; para os açudes, o material de aterro era levado em couros puxados por juntas de bois que calcavam a terra com seu peso; em couro pisava-se tabaco para o nariz." 
Capistrano de Abreu

Foto do Blog Icó é notícia

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A bravura indômita de uma revolucionária nordestina

Texto retirado de:
Revista Nordeste Vinte Um
http://www.nordestevinteum.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=118:personagem&catid=14:destaque-06&Itemid=16



Do Pernambuco para o Ceará, Bárbara de Alencar, considerada a primeira presa política do Brasil, exerceu um papel preponderante em nossa história, ao participar de modo decisivo, com espírito guerreiro e insuperável coragem cívica, dos episódios que preconizavam maior liberdade para o povo brasileiro, no limiar do século XIX. O centro dos movimentos revolucionários de que participou estabeleceu-se na Região do Cariri cearense, onde aquela mulher extraordinária pontificou juntamente com seus filhos, também revolucionários. Dona Bárbara, como era chamada respeitosamente pelos seus contemporâneos, inscreveu com ousadia ímpar o nome dos Alencares – e o seu próprio – no panteão da história brasileira.



Por Barros Alves - Editor de Cultura e Arte - barrosalves@nordestevinteum.com.br

Bárbara de Alencar nasceu em solo pernambucano no dia 11 de fevereiro de 1760. Para uns, ela veio ao mundo no município de Exu, limítrofe com o Cariri cearense, separado deste apenas pela Chapada do Araripe; para outros, a valente mulher nasceu em Cabrobó. O certo é que a jovem Bárbara enamorou-se de um comerciante de tecidos, português de nascimento, que exercia seus negócios na região do Vale Caririense. No ano de 1782, Bárbara casou-se com o capitão José Gonçalves dos Santos e se mudou definitivamente para a Vila do Crato. Ali, se tornou figura respeitada e foi liderar os principais movimentos revolucionários ocorridos no Nordeste na primeira metade do século XIX.

Do casamento com o capitão José Gonçalves dos Santos, nasceram quatro filhos: João Gonçalves de Alencar, Carlos José dos Santos, que se fez padre; Joaquina Maria de São José, Tristão Gonçalves Pereira de Alencar, tornado famoso pela ação revolucionária; e José Martiniano de Alencar, também padre, espírito rebelde e que se tornou político de grande influência tanto no Ceará, que chegou a governar, quanto em nível nacional, como senador do Império. José Martiniano de Alencar era o pai do romancista homônimo, criador do romance nativista brasileiro, cuja inspiração se expressou através de mitos fundadores da nacionalidade, sendo os romances “Iracema” e “O Guarani” obras-primas da literatura brasileira.

Conforme descrição feita pelo escritor Roberto Gaspar, que registrou em livro de amena leitura aspectos da vida tempestuosa de Bárbara de Alencar, ela tinha um aspecto varonil, cor branca e “era considerada alta, tinha as passadas largas e os braços moviam-se com graciosa desenvoltura, o rosto expressivo era bem delineado, os traços eram simpáticos e harmônicos, emoldurando uma boca ampla de lábios firmes”. O autor citado apresenta um perfil moral e espiritual da heroína do Crato: “Enérgica, de coração bondoso, impunha respeito e admiração aos que o conheciam. Grande devota de Santa Bárbara, ela tinha a imagem da santa em seu oratório e, nos momentos de aflição, debulhava seu rosário de contas azuis”. E adiante: “Bárbara era muito religiosa e instalou altares com imagens de santos na fazenda, onde promovia orações coletivas, atraindo os religiosos das missões e os padres, que encontravam abrigo na casa grande da fazenda”. Segundo o historiador João Brígido, Bárbara era “mui inteligente, lida e corrida era a primeira senhora daquela região”.

Dessa solicitude para com os religiosos, nasceu grande amizade entre Bárbara e sacerdotes da região, entre os quais o padre Miguel Carlos da Silva, que se tornou amigo e orientador espiritual. De igual modo, frei Francisco de Santana, da Vila de Barbalha, era assíduo comensal da fazenda Pau Seco. Naquele ambiente de reflexão e boa conversa, surgiu o Centro Republicano de Democracia e Liberdade, ensejando em que os conselhos humanistas do padre Miguel Carlos transformassem Bárbara em uma liberal consciente de sua missão naquele mundo tão carente de atitudes políticas que contribuísse para melhorar a vida do povo.

Militância política e revolução


inda jovem, portanto, iniciou a militância política, demonstrando grande capacidade de articulação com segmentos basilares da sociedade da época, tanto em nível econômico quanto em nível social, especialmente nos vínculos que criou com a Igreja Católica, onde vários jovens seminaristas e padres, em razão do conhecimento da história, participavam e estimulavam a participação nos movimentos libertários. Bárbara tratou de aproveitar a vocação religiosa de dois dos filhos e enviou-os ao seminário, onde certamente teriam uma educação esmerada. Ademais, o sacerdócio significava status social e reconhecimento da população sempre mística e crédula.

Chegou então o ano de 1817, e explodiu a revolução republicana em Pernambuco, que preconizava não apenas a independência, mas também queria a proclamação da República. O movimento logo recebeu o apoio da família de Alencar, com Bárbara a liderar o processo rebelde no Cariri. O entusiasmo era tão grande, que sob a liderança daquela senhora que ousava arrostar o poder das Cortes portuguesas, proclamou-se a República no Crato, em uma extensão da revolução pernambucana.

Reação mete os revoltosos no calabouço


Por ordem da Corte, o processo de reação das forças portuguesas com sede na Colônia não se fez esperar e arremeteu contra os revoltosos sem dó nem comiseração. Muitos foram presos a partir da Bahia, de Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará, onde o movimento estava mais atuante. Roberto Gaspar enumera os líderes da revolução que foram presos: José Martiniano, Tristão Gonçalves e o padre Carlos José dos Santos, filhos de Bárbara; Inácio Tavares Benevides, frei Francisco de Sant’Ana Pessoa, Gouveia Ferraz e o padre Miguel Carlos da Silva Saldanha”. E aduz o biógrafo de Bárbara de Alencar: “Outros participantes do movimento se acovardaram e desertaram e, procurando isentar-se de culpa, juram publicamente lealdade ao rei, como aconteceu com Francisco Carlos e Bartolomeu de Quental”. 

Os prisioneiros foram manietados, acorrentados e enviados para Fortaleza. Durante a longa e cansativa marcha, sob o comando de Joaquim Pinto Madeira, “apenas Bárbara de Alencar não tinha argolas amarradas no pescoço”. Estavam a cavalo e no Icó, o comando da tropa passou para o capitão de milícias Manuel da Cunha Freire.

Depois de quase um mês de viagem do Crato para Fortaleza, sob sol e chuva, enfrentando as piores intempéries, finalmente chegaram à capital e recebem a ordem do governador Sampaio de que deveriam ficar presos sem nenhuma regalia. Bárbara foi recolhida ao calabouço da velha Fortaleza à beira-mar, sem direito a contato com quem quer que fosse, a não ser com a lavadeira, de nome Brasiliana, e apenas uma vez por semana. Nessas duras condições, passou mais de três anos. Foi libertada no dia 17 de novembro de 1820 e, no ano seguinte, o Tribunal da Relação de Salvador, Bahia, anulou os processos da devassa. Com a proclamação da independência do Brasil em 1822, a heroína do Crato retornou, vitoriosa, da Bahia para sua querida vila do Crato, onde a esperavam o filho, João Gonçalves, e o povo em festa.

A Revolução do Equador


Ainda bem não sentava a poeira da Revolução de 1817, e os Alencares de Bárbara já sentiam pruridos de uma nova luta. Tristão, o mais rebelde, não acreditava em que o Brasil ganharia a liberdade. De fato. Sob o governo de dom Pedro I. Para ele, o imperador era “louça do mesmo barro” do pai, dom João VI. E aduzia nas conversas familiares: “É preciso não dormir sobre a glória alcançada.” Não era um prenúncio. Era uma profecia
.
Eis que novamente, em 1824, algumas províncias do Nordeste (naquele tempo dito Norte), sob a liderança de Pernambuco se sublevaram contra o governo Imperial recém-instalado. Desta feita, sob a influência dos Federalistas norte-americanos. No Ceará, os três filhos de Bárbara não titubearam e aderiram à conjuração que veio a chamar-se Confederação do Equador. Queriam implantar um regime republicano juntando as províncias nordestinas em uma confederação semelhante aos Estados Unidos da América.

As grandes figuras políticas não guardavam rancor de injustiças sofridas nos embates da vida, ainda que os mais duros. Foi o que ocorreu com os Alencares, agora, em 1824, aliando-se ao capitão Pereira Filgueiras, o adversário figadal de 1817. Roberto Gaspar anota: “Bárbara de Alencar e seus filhos, que tanto já haviam lutado e sofrido pela independência, organizaram um regimento caririense, cujo comando foi entregue ao seu ex-adversário, o capitão-mor João Pereira Filgueiras, tendo Tristão Gonçalves no comando do Estado-maior das tropas expedicionárias”. Eles tomaram o governo do Ceará e foram até ao Maranhão dar combate a major Fidié, um português que resistia em nome das Cortes portuguesas.

Dores, velhice e morte


Mas os Alencares, principalmente Tristão e o padre. Martiniano, estavam insatisfeitos com os rumos do novo governo e da Constituinte de 1823.  Achavam o imperador “prepotente, promíscuo e libertino”. Resolveram ir além. Juntamente com outros republicanos, tais como Carapinima e Azevedo Bolão, organizaram um governo provisório no Icó e, em janeiro de 1823, entraram em Fortaleza, onde destituíram o governo de Costa Barros e proclamaram a República, sob a presidência de Tristão Gonçalves.  Seguiram o exemplo as Câmaras de Quixeramobim, Aquiraz, Ipu, Sobral, Crato e Aracati. A revolução, no entanto, começou a decair nas províncias do Piauí, Maranhão, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.  A debandada era geral em face de muitas traições.
No Ceará, reinóis como Pinto Madeira encabeçaram a reação, mas Tristão Gonçalves resolveu enfrentá-los, juntamente com os irmãos. Dias depois, foram derrotados e mortos em combate. “Com essa tragédia começaram os dias de muitas dores para a heroína revolucionária, que se cobriu de luto contínuo com a morte dos seus entes queridos”, escreve Gaspar.

Depois destas tempestades e de ver filhos e parentes mortos nas lutas revolucionárias, outros terem sido presos, mas libertados posteriormente, como é caso de José Martiniano, Bárbara de Alencar, depois de rebelião levantada no Cariri por Pinto Madeira, fugiu para Exu, no Pernambuco, e posteriormente, recolheu-se à fazenda Alecrim no Piauí. Septuagenária,  queria, no entanto, terminar os dias em sua fazenda Pau Seco. Seu filho, João Gonçalves, foi buscá-la. Adoentada, ela queria que o outro filho, José Martiniano, agora poderoso governador da província, perdoasse o principal desafeto da família, Pinto Madeira, que havia sido preso e condenado à morte. Não viu realizar-se seu piedoso intento.

Bárbara de Alencar manifestou ao filho que a assistia o desejo de que, ao morrer, lhe providenciasse um enterro simples “de pobre mesmo, em rede, num túmulo sem lousa, como daqueles que foram nossos escravos...” A heroína fechou os olhos ao mundo no dia 28 de agosto de 1833. Deixou o chão nordestino, mas inscreveu indelevelmente seu nome na história do Brasil, especialmente do Ceará, mercê de sua bravura indômita e do seu espírito libertário.

Rachel de Queiroz e Paulo Coelho entre os descendentes

http://www.agenciariff.com.br


http://semtedio.com

O professor Virgílio Arraes lista vários nomes de personalidades importantes na vida sócio-política contemporânea brasileira, que são descendentes da heroína republicana Bárbara de Alencar. Ele começa registrando que Castelo Branco descendia de uma irmã de dona Bárbara, Inácia. As duas adotavam postura política similar, eram sinceras republicanas, influenciadas que foram pelos ideais da Revolução Francesa, ocorrida em 1789. A rebelião de 1817 tinha esse viés ideológico. Já em 1824, na chamada Confederação do Equador, a influência teria sido dos Estados Unidos. que fizera a sua revolução libertadora em 1776, com fundamento no federalismo republicano e abolição da escravidão.
O neto José de Alencar, Filho do Senador Martiniano de Alencar.


De Inácia, descendem, dentre outros, Miguel Arraes de Alencar, que foi três vezes governador de Pernambuco e incontestável liderança política do Nordeste; Marcelo Nunes de Alencar, que foi prefeito do Rio de Janeiro; Otto de Alencar, pioneiro da pesquisa matemática no Brasil, falecido no início do século passado; Chico de Alencar, historiador e deputado federal pelo Rio de Janeiro, onde detém grande liderança política; José de Alencar Furtado, cearense de Araripe, fez carreira política no Paraná tendo se destacado como uma das vozes de oposição ao tempo do governo militar pós-1964; Alencar Guimarães foi senador pelo Paraná durante vários mandatos, chegando a assumir interinamente o governo daquele Estado; O General Humberto de Alencar Castelo Branco foi presidente da República. Também a famosa romancista Rachel (de Alencar) Queiroz, bem como a escritora e líder feminista Heloneida Studart descendem de Bárbara de Alencar. O escritor Paulo Coelho, autor de best sellers e o mais internacional dos ficcionistas brasileiros, tem Bárbara como ascendente.   

Sobral entre as 10 melhores cidades das Américas no Ranking Custo-Benefício (cidades menores)

Foto: Diário do Nordeste

Sobral foi eleita pelo importante fDI Magazine, do Grupo Financial Times, como a cidade brasileira de menor porte com melhor custo-benefício para investimentos internacionais.
É O CEARÁ MOSTRANDO A SUA FORÇA!!!




Fonte:

domingo, 1 de maio de 2011

OS CEARENSES E A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR

A Confederação do Equador foi o mais importante movimento republicano e autonomista do Brasil, pois contou com a adesão de múltiplas províncias. Ocorrido no início do século XIX, teve os estados de Pernambuco, seguido pelo Ceará como palcos principais, se estendendo principalmente para a Paraíba e Rio Grande do Norte. O movimento foi uma oposição aos desmandos do Imperador D. Pedro I, ao outorgar a Constituição de 1824. Os cearenses tiveram papel decisivo na difusão do movimento, muitos pagaram com a própria vida.

Padre Mororó

Comandadas pelo groairense Padre Mororó — que, além de liderar, participar e subscrever aquela memorável ata, determinou que fossem enviadas deputações a outras Vilas para comunicar e conseguir adesão, como de fato sucedeu — as Câmaras das Vilas de Icó, Aracati e São Bernardo das Éguas Russas aderiram de imediato à causa, reproduzindo e fortalecendo o movimento que daí se espalhou por toda a província do Nordeste.

"No Ceará, mais precisamente na cidade de Campo Maior de Quixeramobim, era proclamada a primeira República do Brasil, no dia 9 de janeiro de 1824, 06 (seis) meses antes da do Recife, 07 (sete) meses antes da de Fortaleza e 65 (sessenta e cinco) anos antes da República proclamada pelo Marechal Deodoro, em 1889. A primeira República proclamada no Brasil em janeiro de 1824, quando a Câmara, seguida pelo Clero, a Nobreza e o Povo de Campo Maior de Quixeramobim, liderados pelo groairense(*), Inácio Gonçalo Loyola de Albuquerque Melo, (Pe. Mororó), considerou decaída a Dinastia Bragantina e reconhecendo o Governo Republicano, sinalizava-se, assim, o primeiro brado de protesto contra a decisão do então Imperador D. Pedro I, implantando, a partir dos sertões do Ceará, para todo o Brasil, uma República Estável e Liberal". (Texto do Blog do Macario - http://macariobatista.blogspot.com/2010/11/este-feriado-nao-vale-para-o-ceara.html)

Bárbara de Alencar

O movimento foi liderado ainda pelos cratenses Bárbara de Alencar e seus filhos José Martiniano e Tristão Gonçalves, do sergipano de Santo Amaro da Brotas, Pereira Filgueiras e tantos outros heróicos e valentes conterrâneos. Os líderes escolheram apelidos com nomes da fauna e flora da caatinga no intuito de confundir as tropas imperiais. Todos escondidos por trás de alcunhas como Alecrim, Anta, Araripe, Aroeira, Baraúna, Beija-flor, Bolão, Carapinima, Crueira, Ibiapina, Jaguaribe, Jucás, Manjericão, Mororó, Sucupiras, Oiticica. E, mesmo cientes de que a luta poderia lhes trazer serias conseqüências, foram adiante. De fato, muitos pagaram com a vida, nas ruas do Icó e Fortaleza.
 
Fontes: